Este ano é o momento de tirar da listinha de pendências alguns lugares em São Paulo que estou devendo a visita há tempos e um destes era o Edifício Martinelli, um dos símbolos arquitetônicos e históricos do centro antigo da cidade.
Já havia passado em frente ao Edifício inúmeras vezes e confesso que na maioria delas nunca havia prestado muita atenção nele. Acho que isto também deve acontecer com muita gente que trabalha por perto e tem o prédio em seu caminho cotidiano, mas nunca parou para pensar no que ele representa ou representou ou apenas em subir em sua cobertura e observar a cidade do alto e por um ângulo diferente.
Um pouco da história do Edifício Martinelli
Como o próprio nome sugere, o edifício tem sim influência italiana, aliás, de um italiano chamado Giuseppe Martinelli. Este imigrante italiano que fez fortuna no Brasil decidiu erguer na cidade de São Paulo o primeiro arranha-céu da América do Sul, e assim surgiu o Edifício que leva o seu sobrenome.
O edifício começou a ser construído em 1924, porém só foi inaugurado em 1929 e com 20 andares. Com o passar dos anos mais pisos foram sendo integrados à construção. Mas mais polêmicas acompanhavam o crescimento do edifício e quando este chegou a 24 andares, Martinelli resolveu construir sua própria casa no topo do edifício, adicionando a ele mais cinco andares.
O local escolhido era o triângulo entre as ruas São Bento, Líbero Badaró e Avenida São João, considerados naquela época a área mais nobre da capital.
Imagine a polêmica na época que este projeto gerou, por ser inovador e diferente do que existia na cidade, afinal os prédios mais altos eram com cinco andares e eram poucos.
Ao longo dos anos, o Edifício Martinelli foi se transformando, tendo sido ponto de encontro da elite paulistana, sede do Cine Rosário, salões, restaurantes, cassinos, partidos políticos, clubes Palestra Itália e Portuguesa e até do sofisticado Hotel São Bento.
Do luxo ao lixo
Começou em 1934 o processo que levou o edifício a uma fase de decadência e abandono. Por conta de problemas financeiros, Giuseppe Martinelli teve de vender o edifício ao governo italiano, porém durante a Segunda Guerra o Brasil expropriou e leiloou as dependências do prédio.
Houve uma ocupação desordenada por volta da década de 60 e 70 e o edifício se transformou em uma espécie de cortiço, devido aos baixos preços e a área central que já se mostrava decadente.
Há diversas histórias sinistras sobre esta época do edifício que serviu de residência para muitos moradores clandestinos, entre eles, bandidos e prostitutas. O edifício chegou até a inspirar livros e filmes devido a histórias de assassinato e prostituição que aconteciam em suas dependências. Tanto lixo era acumulado no local que certa vez chegou a alcançar a altura do sexto andar!
Em 1975 se considerou a ideia de demolir o edifício.
Atualmente o local foi tombado Patrimônio Histórico, passou por várias reformas e restaurações e abriga secretarias municipais.
Curiosidades
São 30 andares e 130 metros de altura. O edifício foi construído em estilo neoclássico e sua fachada foi ornamentada pelos irmãos Lacombe que foram responsáveis por projetarem a entrada do túnel Nove de Julho.
Em 1929 Martinelli e sua família foram morar no topo do edifício, onde construiu sua residência opulente de cerca de cinco andares, chegando assim aos 30 andares que tanto almejava e também, dizem, para provar que era seguro morar em um arranha céu.
Foi no ano de 1947 que o Edifício Martinelli perdeu o título de predo mais alto da cidade com a construção do vizinho Edifício Altino Arantes, mais conhecido como Prédio do Banespa.
Visita monitorada à cobertura do edifício
Para conhecer um pouco mais sobre a história do edifício e vê-lo de perto, basta marcar uma visita monitorada nos seguintes horários:
Seg a sexta 09h30 às 11h30 e 14h00 as 16h00
Sábados das 09h00 as 15h00 e domingos das 09h00 as 13h00
Entre em contato pelo Tel.: (11) 3104-2477 ou preencha um formulário no site: http://www.prediomartinelli.com.br/visitas.php
Eu não agendei nenhum horário, apenas cheguei lá em um sábado por volta do meio-dia, bati na portinha de vidro e pude realizar a visita sem problemas.
Subimos direto para a cobertura e pudemos observar com calma toda a arquitetura, a vista da cidade e os prédios vizinhos. Gostei porque a visita não era tão apressada quanto à do Copan.
É possível avistar do terraço o Pico do Jaraguá, as antenas da Avenida Paulista e um mar de outros prédios que compõem a paisagem da capital paulista.
É no terraço também que existe uma chamada Casa do Comendador, uma espécie de vila italiana, que fazia parte da residência de Giuseppe Martinelli e onde ele recebia suas visitas da elite paulistana.
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Que legal, Mô! Já fui no Itália e no Banespa e nunca tinha ido aí ainda. Bjos, quero ir!
haha Rafa, você foi nos 2 que faltam eu ir e vice versa,hehe!